A arte de existir e resistir ao longo do tempo.
Quando estudamos o yoga através de pesquisadores(as) das ciências sociais e humanidades, um dos pontos de partida é o entendimento de que como qualquer outra expressão cultural e fenômeno social, o yoga também passa por transformações em que contextos importam bastante.
Podemos apontar uma das mudanças do yoga na contemporaneidade em que o pêndulo do gênero se moveu para o público feminino majoritariamente. Se antes os agrupamentos sociais (escolas, líderes, linhas, seitas, adeptos, ashrams etc) eram compostos por homens, hoje em dia, vemos nitidamente uma presença feminina massiva no yoga.
No século XXI, em que dizemos no senso comum "o yoga é bom para isso ou aquilo", a sua "medicalização", como aponta a pesquisadora Elizabeth Di Michelis, aconteceu em grande medida por causa da ciência. Investigar os efeitos das práticas se tornou a pauta em muitas pesquisas científicas sendo elas ensaios clínicos randomizados ou estudos observacionais. Uma das consequências deste aspecto terapêutico foi a sua visibilidade, popularidade e adesão.
Apesar desta faceta científica do yoga ser recente, uma fatia dos(as) praticantes clama fervorosamente pela sua fidelidade à tradição. No entanto, em algum momento, histórico essa mesma tradição foi instaurada (inventada, recriada e repetida). Algumas são mais permeáveis à absorção de mudanças, enquanto outras são menos porosas e mais fechadas às transformações.
Mesmo o próprio significado da palavra yoga passou por nuances no seu entendimento:
"Embora yoga fosse um termo genérico para expressar formas de libertação (ver os Upanishads e o Gita), ao longo dos séculos e através da influência dos desenvolvimentos modernos, tendemos a identificar a palavra yoga mais com o significado/aspecto físico" (Burger, 2029, p.117. Tradução nossa).
A arte do yoga de existir e resistir ao longo do tempo parece que está em sua sagaz habilidade de ser flexível como um elástico e firme como uma rocha sem qualquer contradição, pois yoga é justamente superar a lógica dos opostos.
Namaste🙏
Ref.: Maya Burger. On the Nāth and Sant Traditions: Transmission, Yoga and Translationality. EARLY MODERN INDIA: Literatures and Images, exts and Languages, 2019.
Dica de leitura (livro recém lançado em português) relacionado ao tema:
→ Yoga Body: as origens da prática postural moderna. Mark Singleton. Editora Svarupa. Ano: 2024 (2010 1ª ed.)
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