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Finalmente sou uma introvertida assumida

Foto do escritor: Rosane AbudeRosane Abude

Por Rosane Abude


Antes de viajar para a Índia, em 2013, selecionei dois livros para ler durante a viagem, porque sabia que iria passar muito tempo em aeroportos, estações de trem e dentro de ônibus.


Coincidência ou não, um dos livros que eu escolhi foi: O Poder dos Quietos, de Susan Cain.


Achei o título bem interessante porque acreditava que os quietos (como eu) não tinham poder nenhum.



Como diz muito bem a autora do livro, estamos em uma sociedade onde se valoriza muito os extrovertidos, os sociáveis, aqueles que gostam e sabem trabalhar em grupo. Até a leitura do livro, eu sempre neguei a minha própria natureza introvertida para conquistar maior espaço no trabalho e, consequentemente, melhor remuneração para sustentar a minha família.


Lembro um dia em que eu já era gerente há mais de 10 anos e uma psicóloga teve a ousadia de me dizer que eu era do tipo que preferia trabalhar sozinha do que em grupo. Eu contestei, é claro! Então, ela me fez duas perguntas: qual o meu esporte favorito e qual o lugar onde eu me sentia mais confortável. Eu respondi prontamente, yoga, natação, bicicleta e minha casa. Pronto, ela não precisou falar mais nada. Desde então, tenho refletido muito sobre isso e passei a entender o porquê de me sentir tão exaurida toda vez que tinha que falar muito, influenciar pessoas ou dar um treinamento. O fato é que eu saia da minha zona de conforto e “vestia” a fantasia da extrovertida.


Eu fiz tão bem esse papel durante tanto tempo que muitas pessoas não acreditam quando eu digo que sou tímida ou que gosto de silêncio, de ficar sozinha e de quietude.


Porém, atuar neste papel me custou um gasto de muita energia e muitos momentos de

sensação de inconformidade, como se eu tivesse trilhando algum caminho errado, mesmo

quando tudo estava dando certo. É engraçado, isso! E pior, eu me sentia culpada por me sentir assim.


Ler este livro durante a viagem a Índia foi maravilhoso e assustador ao mesmo tempo. A Índia, por ser um lugar de extremos, onde a dualidade está bem na sua cara, força-nos a refletir sobre nossos valores, atitudes e quem somos. É interessante lembrar de alguns momentos bizarros que eu vivi por lá, que nunca tinha vivido em minha vida inteira. Como se eu tivesse voltado a ser criança, lidando com outras crianças. É, minha gente, a Índia tem esse poder. Ela nos força a revirar do avesso.



Agradeço que a vida tenha me levado a desenvolver as habilidades de uma extrovertida. Desenvolvi os meus pontos fracos e fortaleci os pontos fortes. Sinto-me mais feliz por estar

consciente da minha real natureza. Consigo perceber os momentos em que estou bem com as pessoas e os momentos de necessidade de me isolar. Descobri que os quietos, assim como os agitados, têm sim poder pessoal. E, finalmente, tornei-me uma introvertida assumida.


Abri um pouco a minha intimidade para ajudar outras pessoas a aceitarem o seu jeito de ser e, assim, ser mais feliz e ser mais entendida pelo outro.


Acesse o link abaixo e assista a este vídeo de Susan Cain, onde ela explica sobre O Poder dos Quietos. É imperdível!



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